INFORMAÇÃO SUMÁRIA  DA FREGUESIA DE FORNELOS

 

 

Padroeiro: S. Vicente.

Habitantes: 1.670 (I.N.E.2011) e 1.404 eleitores em 05-06-2011.

Sectores laborais: Agricultura e pecuária, indústria de calçado, têxtil, transformação de madeira, exploração de granito, construção civil e pequeno comércio.

Tradições festivas: Santo Amaro (15 de Janeiro e 1º Domingo de Agosto) e Santa Maria Madalena (3º Domingo de Julho).

Valores Patrimoniais e aspectos turísticos: Igreja paroquial, cruzeiro da igreja, Capela de Santa Maria Madalena,

Estância de Santa Maria Madalena e quintas de Anguião (campo de golfe), de Belmonte, do Outeiro e do Eidinho, belesas ribeirinhas do rio Trovela com seus moinhos.

Artesanato: Tanoaria, mantas e tapetes de farrapos, linho e bordados.

Colectividades: Grupo de Cavaquinhos de Fornelos, Grupo de Gaiteiros “Os Populares” de Fornelos e Rancho Folclórico das Lavradeiras de Fornelos.

 

 

 

ASPECTOS GEOGRÁFICOS DA FREGUESIA DE FORNELOS

 

A Freguesia de Fornelos, encontra-se a aproximadamente sete quilómetros da vila de Ponte de Lima, a sede do concelho a que pertence.

 

Distribuida por cerca de 1050 ha, compreende os seguintes lugares: Anguião, Areal, Azenhas, Bouça, Belmonte, Badela, Bouçós, Cerquinhos, Cabaneiro, Corgo, Chã de Mena, Cortinhal, Carrascal, Casal, Deveseira, Eido Velho, Entre Ribeiros, Eidinhos, Felgueiras, Grelido, Gaiva, Igreja, Juncainho, Meiroal, Oliveira, Outido, Outeiro, Picarouva, Pousada, Póvoa, Ponte Nova, Portelinha, Torre, Trelães, Torrente, Santas, Santo Amaro, Sobreiro, Souto, Urjal, Vide, Ventoso, Vinheirão e Veiga, Casal Santos.

 

Os seus limites estão estabelecidos com as seguintes freguesias: A Norte, as freguesias de Feitosa, Arca, Ribeira e Serdedelo. A. Sul, as freguesias de Queijada e Anais. A Nascente, a Freguesia de Duas Igrejas, do concelho de Vila Verde. A Poente, as freguesias de Rebordões – Santa Maria e Rebordões – Souto.

 

 

 

RESENHA HISTÓRICA DA FREGUESIA DE FORNELOS

 

A principal fonte de documentação, mais remota, que se lhe refere é constituída pelas Inquirições de 1220.

 

A antiga Freguesia de S. Vicente de Fornelos foi uma reitoria e comenda da Ordem de Cristo. A apresentação do reitor (que tinha cento e quarenta mil réis de renda anual) pertencia, segundo alguns autores, à mitra.

 

A Estatística Paroquial de 1862 diz, no entanto, que a apresentação era feita, alternadamente, pelo Papa, pelo rei e pelo bispo, no termo de Ponte de Lima. Passou mais tarde a abadia.

 

Beneficiou do foral concedido em Lisboa por D. Manuel, em 20 de Junho de 1514, ao antigo concelho de Penela, a que sempre pertencera.

 

Foi aqui o Paço de Anguião, de D. Rodrigo de Melo de Lima, quinto filho de D. Leonel de Lima, primeiro visconde de Vila Nova de Cerveira. Era aqui também a nobre e antiga Casa de Barreiros, que foi dos descendentes do dito visconde.

 

Num concelho com inúmeras potencialidades turísticas, a Freguesia de Fornelos não deslustra do conjunto, podendo, pelo contrário, orgulhar-se do seu artesanato e do seu folclore, e também do seu património histórico e paisagístico.

 

Na verdade, o florescente turismo de habitação alto-minhoto tem aqui campo de eleição para continuar a desenvolver-se, apoiado nas convenientes estruturas construídas ou a construir. Será o caso exemplar do atractivo campo de golfe instalado e a funcionar na quinta que envolveu o antigo Paço de Anguião.

 

Conta a tradição que no monte próximo da freguesia viveram umas santas mulheres, recolhidas numa vida ascética. Daí lhe virá o nome: Monte das Santas.

 

No alto da serra, de que se desfrutam excelentes panorâmicas, existem vestígios de antigas fortificações. O rio Trovela proporciona a esta terra uma especial importância pela sua beleza e importância agricola.

 

Fornelos é uma das freguesias mais populosas freguesias do concelho. É o resultado de um lento processo de crescimento, por certo refreado nos inícios da década de 60, com o movimento emigratório para a Europa. Os primeiros registos, disponibilizados pelo Pe. Carvalho, em 1706, falam de 80 fogos; a Estatística Paroquial (1862) dá conta de 143 fogos para 620 habitantes. Na era dos Censos, os de 1890 registam 164 fogos para 596 habitantes; ano de 1910, 148 – 512; ano de 1911, 127 – 441; ano de 1920, 118 – 462; e ano de 1930, 127 fogos para 588 habitantes.

 

Fornelos era em 1991 com os seus 1.531 habitantes distribuídos por 461 residências, uma das mais populosas freguesias do concelho.

 

As actividades económicas mais relevantes são a agricultura e pecuária, indústria de calçado, têxtil, transformação de madeira, exploração de granito, construção civil e pequeno comércio. Nos últimos anos houve investimento industrial, nomeadamente na área do calçado e da carpintaria, o que leva o executivo a concluir não haver desemprego na freguesia. A agricultura é ainda de subsistência para cerca de 60% que nela trabalham, sendo os principais produtos cultivados a batata, o milho, os produtos hortifrutículas, e essencialmente o vinho verde que com a sua venda às cooperativas, auxilia na composição económica das famílias.

 

No âmbito da acção social, funciona um centro de dia e está em projecto um jardim de infância.

 

Os equipamentos respeitantes às actividades desportivas e culturais também não são suficientes. Uma pequena sala com funcionamento regular e um salão, é quanto existe para a programação da Associação Cultural e Desportiva de Fornelos e o Grupo de Cavaquinhos de Fornelos.

 

Na área da pesquisa etnográfica, da dança e do canto, o destaque vai para o Rancho Folclórico das Lavradeiras de Fornelos.

 

O padroeiro S. Vicente nasceu, provavelmente, em Huesca, nos Pirinéus, numa época de intensas perseguições religiosas. Filho de pais cristãos, muito novo foi elevado à ordem de Diácono e, mais tarde, a acólito de Valério, Bispo de Saragoça, mercê dos seus reconhecidos dotes de orador. Supliciado em Valencia, com o seu Bispo, por ordem do governador da Hispânia, Daciano, em princípios do século IV, o culto ao mártir São Vicente espalhou-se rapidamente por toda a Península, sobretudo durante o domínio muçulmano, mantendo a sua vitalidade até meados do século XII. As circunstâncias, controversas, da descoberta e recolha das relíquias do santo, alimentaram, de facto, a resistência das populações cristãs meridionais, os moçárabes, contribuindo para tornar São Vicente o santo padroeiro do novo reino. O culto vicentino não deixou, porém, de atrair outros peregrinos, em que se incluíam os cristãos do norte e, mesmo, populações muçulmanas.

 

Os relatos hagiográficos conservados coincidem no episódio do achamento do corpo, junto ao cabo de São Vicente, à deriva numa barca guardada por dois corvos, atributos iconográficos que serão constantes nas representações posteriores do mártir, pelo menos na arte portuguesa, e adoptados como emblema municipal da cidade de Lisboa ainda durante a primeira dinastia. Algumas narrativas plásticas incluem, ainda, a característica palma do martírio, o molho de cordas e as vestes de diácono, e é assim que o encontramos nas paradigmáticas tábuas quatrocentistas devidas a Nuno Gonçalves, pintadas para o altar de São Vicente da Sé de Lisboa. O culto ao santo estava já, nessa época, em franca decadência, praticamente limitado à aristocracia e à família real, esta, certamente, lembrada do especial fervor de D. Afonso Henriques, que mandara vir expressamente de Sagres as relíquias sagradas e que lhe dedicara, na Lisboa recém conquistada (1147), a sua mais importante fundação religiosa. Os atributos deste santo, a sua hagiografia, não são mais do que uma actualização de uma simbólica pagã: a chegada do cadáver do santo numa barca tal qual os cultos orientais e osirícos; os corvos, companheiros de viagem do féretro guardiães da luz e prováveis avatares do deus proto-histórico Lug.

 

 

INFORMAÇÃO SUMÁRIA DA FREGUESIA DE QUEIJADA

 

Padroeiro: S. João Baptista

Habitantes: 272 habitantes (I.N.E.2011) e 287 eleitores no ano de 2011.

Sectores Laborais: Agricultura e pecuária, transformação de madeira e pequeno comércio.

Festas e romarias: Senhora de Fátima (2º Domingo de Agosto) e S. João Baptista (24 de Junho).

Valores Patrimoniais e aspectos turísticos:  Igreja paroquial, Lugar de Ferras e Quinta do Baganheiro.

Artesanato: Carros e jugos de bois e tanoaria.

 

 

ASPECTOS GEOGRÁFICOS DA FREGUESIA DE QUEIJADA

 

A freguesia de Queijada, situada na margem esquerda do rio Queijais, afluente do Lima, dista cerca de oito quilómetros da sede do concelho e ocupa uma área de 290 ha. Compreende os seguintes lugares: Boavista, Costa, Cruz, Empregada, Igreja, Passoldada e Tirada.

 

RESENHA HISTÓRICA DA FREGUESIA DE QUEIJADA

 

Foi uma das freguesias do julgado medieval de Penela, com a de Boalhosa, que em vários aspectos lhe andou ligada. Já em 1258 era couto da Ordem do Hospital, por padrões, e uma abadia particular, de que o rei não era padroeiro, talvez por ter origem em igreja própria ou, então, porque pertença da Sé de Braga. Das Inquirições de 1290, sabe-se que esta freguesia era um dos lugares da Ordem do Hospital “de que el-rei há de haver colheita uma vez no ano, quando aí for, ou o infante” – o que recebia “em Marrancos, e em Queisada, e em Poiares de Canelas”, nos quais e em Sertã “hão de dar quanto cumprir a el-rei” de colheita (de onde se confere que pelos séculos XIII e XIV os monarcas costumavam ser habitual visita nesta freguesia).

Com a vizinha freguesia de Boalhosa, constituía de facto a de Queijada um único couto, da ordem dos Hospitalários, cujos habitantes, no século XIII, cultivavam certos sítios do monte dos Francos, que era segundo – quer dizer: exterior às balizas do couto – pagando à Coroa, de alguns desses sítios, o quarto e, de outros, o quinto, e ainda, cada cultivador, um frangão, com dez ovos. Todos os habitantes do couto aí cultivavam, e, por ele se “escusando”, nenhum outro foro davam à Coroa, a não ser um ovo por mês ao casteleiro (de Penela) ou o valor correspondente.

No couto, porém, viviam famílias “foreiras da trazer”. aquele reguengo à vontade do rei ou do rico-homem de Penela. E os cultivadores desse reguengo deviam conduzir os tributos relativos ao mesmo a certos lugares que o mordomo real designasse. Com Boalhosa sucedida identicamente. O couto, posteriormente, entrou na comenda de Chavão, da já citada Ordem do Hospital. A região era atravessada pela estrada romana de Braga, cujos vestígios poderão ser procurados na ponte sobre o rio Trovela. A igreja paroquial, muito antiga, sofreu sucessivas alterações que quase por completo esconderam a sua primitiva fisionomia românica (salvaram-se alguns vestígios). Tem apenas de notável a tribuna do altar-mor, obra de talha da época de D. João V.

No livro, Inventário Colectivo dos registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /torre do tombo encontramos, na integra o texto que se segue abaixo:

«Nas Inquirições de D. Afonso II, de 1220, vem mencionada sob a denominação de “Sancto Jhoanne de Queigiada”. Na época, a igreja enquadrava-se na Terra de Peneda. E descrita nas Inquirições de D. Afonso III, de 1258, como couto do “Esprital per padroes”, pertencente ao julgado de Penela. Aparece como freguesia daquele julgado nas Inquirições de 1290.

No catálogo das igrejas da Terra de Aguiar de Neiva e Peneda, organizado em 1320 São João de Queijada foi taxada em 30 libras. No registo da cobrança das “colheitas” dos benefícios eclesiásticos do arcebispado de Braga. do julgado de Penela, feita entre 1489 e 1493, D. Jorge da Costa cal­cula que esta igreja rendia em dinheiro com morturas 238 réis e 7 pretos e de dí­zimas de searas 137 réis.

Américo Costa descreve-a como uma abadia da apresentação do comendador de Chavão, cabeça do conto de Queijada, no concelho de Albergaria de Peneda. Refere, ainda, ter sido anteriormente couto da Ordem de Malta, denominando-se “con­to de Boalhosa e Queijada”, por ter sido unida à freguesia de Boalhosa. »

 

Inventário do Património Arquitectónico

Em http://www.monumentos.pt

 

 

Fontes consultadas: Dicionário Enciclopédico das Freguesias, Freguesias- Autarcas do Séc. XXI, Inventário Colectivo dos registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /Torre do Tombo.

 

QUEIJADA – PUBLICAÇÃO DO TEXTO NA REVISTA LIMIANA (Nº11 – FEVEREIRO DE 2009)

 

 

Presente

 

A Freguesia da Queijada localiza-s e a 8 Km da Vila de Ponte do Lima, junto da EN 201 que liga aquela Vila à Cidade de Braga. A sua área de 4 Km2 compreende dez Lugares, a saber: Cruz, Costa, Tirado, Ferraz, Cangostas, Igreja, Boavista, Empegada, Laborim e Passoldada.

Com uma população de 385 habitantes, é um exemplo esforçado para evitar o abandono e a desertificação de que este País sofre. Nesse sentido, tem trabalhado o actual corpo dirigente da Junta de Freguesia composta por elementos Jovens, como é exemplo o seu Presidente, Dr. Paulino Matos.

Apesar dos parcos recursos económicos que à junta de Freguesia são atribuídos, esta tem procurado amenizar situações de precariedade de interesse público, como sejam o arranjo e limpeza dos caminhos públicos, colocação de sinalética, dinamização de prestação de serviços aos seus fregueses e empenho na recuperação de alguns recantos e infra-estruturas.

São exemplo de recuperação a Fonte da Azenha, no Lugar de Ferraz, onde a população da Queijada e das freguesias limítrofes desde longa data se abastecem de água, “por a terem como muito boa p’ra beber”. Foi a sua saída de água devidamente canalizada e sai hoje numa fonte construída em pedra, o seu acesso pavimentado, bem como a área envolvente, o que a tornou um local ainda mais procurado. Falta agora conseguir a recuperação de um moinho de água situado alguns metros atrás desta Fonte, e que em outras épocas era comunitário, para que aquele local se torne uma mais-valia turística, dado já ser referenciado como um lugar de interesse a visitar na freguesia da Queijada.

O edifício da Junta de Freguesia foi submetido a pequenas obras, tendo sido nele cedido um espaço para a instalação de uma capela mortuária que, dessa forma, ficou enquadrada no perímetro da Igreja e do Cemitério. Foram também efectuadas obras na “Casa Paroquial” construída pelos paroquianos para residência do Pároco, outrora formada por um piso chão em pedra e acrescida no século passado de um andar, sendo hoje utilizada, no rés-do-chão, para actividades paroquiais e dispondo de um salão de convívio no piso superior, aberto a todos os fregueses.

Os famosos Caminhos de Santiago também por ali passam, já foram recuperados alguns troços, mas é preciso ainda mais um pequeno esforço para a recuperação de outros, sobretudo o Largo do Soutinho, no lugar de Empegada, onde os peregrinos paravam para descansar, refrescarem-se e merendar e que os caminhantes de hoje ainda utilizam. E bom seria que, na sequência destes actos de recuperação dos Caminhos de Santiago, se tentasse recuperar o Cruzeiro que ficava ao cimo da avenida da igreja e que fazia parte da Igreja Matriz da Queijada, como marco de paragem, mas que foi derrubado e enterrado por baixo da pavimentação na década de 70 do século passado, aquando de obras efectuadas nessa Igreja. Tendo estado o labor da população ligado à agricultura, à indústria da tanoaria e de produção de cestos de vime/canas da Índia (gigos) e à de carvoaria artesanal, a agricultura praticada hoje é a de subsistência, a tanoaria está reduzida a uma fábrica, a cestaria desapareceu totalmente e já não se faz carvão em casa para levar até Braga, restando poucos motivos aos jovens para nela se fixarem.

No entanto, a implementação de um Pólo Industrial começa agora a trazer à população jovem da Queijada, a possibilidade de poder continuar fixada na sua aldeia, evitando a sua deslocação para a Vila e Cidades próximas, em busca de melhores condições de vida e emprego.

A Freguesia da Queijada, tal como outras limítrofes, viveu tempo de mais sob “a memória dos tempos antigos”. Quem nela nasceu há 30 anos atrás, nasceu ainda à luz da candeia de azeite, do candeeiro de petróleo ou da luz da vela. Aquecia-se à lareira, onde os potes e tachos de ferro eram os utensílios para fazer a comida e aquecer a água. As casas eram habitáculos desprovidos de conforto e o mobiliário o mesmo que os avoengos tinham usado. Os carros de bois chiavam carregados com o milho, o tojo, a madeira, os gigos com as uvas ou carregados de carvão que levavam até Braga num percurso de um dia só. O arado lavrava as terras e a força braçal era o motor que dava sustento à população. Os caminhos à noite eram iluminados pelas estrelas. O progresso estava na “carreira” que passava duas vezes, vinda de Braga até à Vila, de manhã, e da Vila até Braga, de tarde. Que razões havia para se ficar? Os miúdos, que os pais mandavam para a Vila para frequentar a Escola Preparatória, só pensavam em aprender a falar Francês – pois todos queriam “quando crescessem” ir para as “Franças”. Os que já tinham partido chamavam os que ainda tinham ficado. Esperemos que os jovens de hoje encontrem um bom caminho na vida sem terem de deixar a sua terra. A Freguesia da Queijada vê no Pólo Industrial o renascer das vontades de fixação da sua população juvenil e, com isso, melhores condições de vida, a sua modernização e progresso.

 

PASSADO

 

Mas todo aquele que nasça hoje tem de saber as suas raízes para ser alguém. O mesmo acontece com o local onde se nasce.

A Freguesia da Queijada, tal como é hoje, “nasceu” um dia. As suas raízes prendem-se ao tempo passado. Tão lã para trás que não nos é possível dizer quando. Sabemos apenas resquícios. Historicamente encontramo-la ligada à Fundação da Nacionalidade. Por lá passava a Estrada Real que partia de Braga e disso ainda hoje há vestígios nesta Freguesia. Existe referência da sua existência nas Inquirições de D. Afonso II, de 1220, com o nome de “Sancto Jhoanne de Queigiada”, nas de D. Afonso III, de 1258, aparece como sendo um couto do “Esprital per padrões” pertencente ao Julgado de Penela e, nas Inquirições de 1290, como freguesia daquele julgado.

Como documento vivo a atestar a sua longevidade, tem a Freguesia da Queijada a sua Igreja de São João Baptista, seu orago, classificada Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.° 47508, de 24 de Janeiro de 1967. “Trata-se de um templo de origem românica, do século XIII, profundamente reformado no século XVlll. Os vestígios da primitiva construção medieval são escassos, conservando-se apenas nos modiIhões que sustentam a cornija da nave e nas inúmeras siglas. No interior predomina o barroco, sobressaindo o retábulo, em estilo joanino, e as pinturas do arco triunfal. Os altares colaterais, com retábulos de talha policroma, são já neoclássicos. Os tectos são de masseira, com caixotões. Os azulejos de tipo padrão que revestem o interior, apesar de se basearem em modelos setecentistas, são de produção recente.” (1)

Infelizmente, com as obras realizadas na década de 70 do século passado, os caixotões do tecto e o central, que eram em madeira, policromados, representando os quatro Evangelistas e uma píxide, foram substituídos pelos actuais, tendo os anteriores sido queimados.

Em posse da família Oliveira Matos existe a cópia de uma Certidão pública extraída do Livro Terceiro do Tombo da Comenda de São João de Chavão e Santa Martha, da qual extraímos o seguinte excerto:

“Livro terceiro do Tombo da Comenda de São João de Chavão e Santa Martha, de que então era Comendador Frei João Gomes de Azevedo e juiz do mesmo Tombo o Licenciado Manoel Preto Lemos, o qual Tombo se acha encadernado em pasta de couro, principiado em mil seis centos e dezoito, e no mesmo livro a folhas quinhentos e quatro até folhas quinhentos e seis verso, se acha a demarcação, limitação e sensória da freguesia e extinto Couto de São João da Queijada, da Religião de Malta;…da qual o seu teor é o seguinte: = Título do Couto de São João da Queijada e da jurisdição que a Comenda nele tem o foro = Aos dez dias do mês de Julho de mil seis centos e dezoito anos… os verdadeiros limites deste Couto eram os que declarava o Tombo Velho feito por provisão de Sua Magestade, subscrito por António Fernandes de Lima, Tabelião em PeneIa, de Dom João aos quatro de Outubro de mil quinhentos oitenta e seis anos, e assinado Licenciado Maurício da Costa, juiz que dele foi e a dita demarcação está a folhas quatro centos e trinta e quatro e  diz o seguinte: Parte a Jurisdição e limites que começa a pedra do Couto (*) e d’ahi à Granja, agoas vertentes, e d’ahí a penas de Guisande e das Penas de Guisando à Progaçal e de Progaçal ao monte de Carqueijosa e d’ahi ao Campo do Navio e d’ahi ao Palheiro da Costa e d’ahi a Fonte do Espinheiro e d’ahi a Agrela e torna à Crus do Couto aonde estão marcos postos com cruzes que o dito Licenciado mandou avivar….”

Do mesmo documento consta também “estar o Comendador em posse por si e seus antepassados de receberem dos moradores do dito Couto, mil quatro centos e quarenta reis em dinheiro de contado cada ano por dia de São João Batista, postos na dita Comenda, e que este foro e pensão pagavam à dita Comenda de Chavão e Santa Martha, de sensória… e que quando o Comendador viesse ao dito Couto para bem dele, tinham obrigação de o agasalhar”.

Mais informa o documento, sobre a jurisdição civil e judicial deste Couto, que “o Comendador de Chavão e Santa Martha passara sempre carta de ouvir aos juises deste Couto da Queijada que serviam nele de juis ordinário no Civil e dos Órfãos; porem que o Crime era do Concelho de Penela … e isto se usara sempre de tempo immemorial a esta parte.”

 

(*) Hoje denominada por pedra da Cruz.

 

Conclusão

 

Longos são os dias de existência desta pequena Freguesia da Queijada mas por certo não é pretensão dos seus fregueses que eles acabem cedo. E se ao passante não tem para oferecer senão a visita à sua Igreja Matriz, um fim de semana de repouso e lazer na Quinta do Baganheiro, da família Norton de Matos, ou a “água boa p’ra beber” da Fonte da Azenha, para a sua população tem o esforço de a revitalizar, de a tornar um cantinho acolhedor para os que nela queiram viver e de dar mais saudades aos que de lá partiram um dia à procura de melhor vida.

 

Bibliografia

(1) Almeida, Álvaro Duarte de, Duarte Belo in “Portugal Património” Vol. l a pp144 do Círculo de Leitores.

258 749 543
geral@fornelos-queijada.com
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